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como duas figuras astrais, movendo-se sobre um caminho ao longo do rio cuja
essência era de puríssima luz.
... A visão cósmica me rendeu muitas lições indeléveis. Aquietando
diariamente meus pensamentos, pude libertar-me da ilusória convicção de que meu
corpo era uma massa de carne e ossos a transitar pelo duro solo da matéria. A
respiração e a mente inquietas, segundo constatei, são como tempestades que
fustigam o oceano de luz, provocando ondas de formas materiais terra, céu, seres
humanos, animais, pássaros, plantas. Não se pode obter nenhuma percepção do
Infinito como luz Única, exceto acalmando essas tempestades.
Sempre que eu tranqüilizava os dois tumultos naturais, podia contemplar as
numerosas ondas de criação dissolverem-se num mar reluzente, assim como os
vagalhões do oceano, quando um temporal cessa, serenamente se liquefazem em
unidade.
Um mestre concede a divina experiência da Consciência Cósmica quando
seu discípulo, pela meditação, fortaleceu sua mente a tal grau que as imensas
perspectivas não o esmagam. Mera vontade intelectual ou compreensão não
bastam. Somente a adequada ampliação da consciência pela prática da ioga e da
bhakti devocional podem preparar alguém para amortecer o choque liberador da
onipresença.
A divina experiência chega com inevitabilidade natural ao devoto sincero.
Seu intenso anelo começa a atrair Deus com força irresistível, O Senhor, como
Visão Cósmica, é atraído por esse ardor magnético para o âmbito de consciência de
quem O busca.
Paramahamsa Yogananda, Autobiografia de um Iogue Contemporâneo,
Bestseller, São Paulo, 1972, pp. 143-146.
A TRADIÇÃO JUDAICA
... Tua razão se iluminará e te fará ver
o caminho dos degraus elevados...
Reconhecerás as realidades superiores; contemplarás os mistérios abissais; no
resplendor de teu coração, na pureza de tua alma, no poder de tua fé. Não te
separarás jamais da alegria tanto na terra como no céu, devido ao esplendor que
terás contemplado e à imensidão do mistério a ti revelado pelo socorro que a ele
leva, do Senhor bendito.
Baya, in Les Devoírs du coeur, tradução de André Chouraqui,
Desclée de Brouwer, Paris, 1978.
VISÃO
Ao longo de toda a história judia, desde os tempos bíblicos até nossos dias,
têm surgido periodicamente homens que receberam uma revelação direta sobre o
Real e procuraram transmitir sua vivência mística, cuja característica extática era
com freqüência evidente. Suas visões chegavam muitas vezes no momento em que
a tradição transmitida por seus antecessores se deteriorara e perdera seu verdadeiro
sentido aos olhos do povo ou mesmo dos eruditos de Israel. A história bíblica é, de
fato, uma luta constante entre as forças da ignorância e as sucessivas tentativas dos
inspirados de Israel, desde Abraão até os profetas, passando por Moisés.
Se há entre vós um profeta, é em visão que me revelo a ele, éem sonho
que lhe falo. (Números, 12, 6)
Maimônides, apoiando-se neste versículo exatamente como a psicologia
transpessoal mostra nos como esse estado de consciência vizinho do sonho se
estende sobre o que ele denomina a faculdade imaginativa diríamos hoje, o
imaginário, inspirando nos em Gilbert Durant. Eis textualmente o que Maimônides
nos diz acerca disso:
Saiba que a profecia, na realidade, é uma emanação de Deus, que se
propaga por intermédio do Intelecto ativo, primeiro sobre a faculdade racional e em
seguida sobre a faculdade imaginativa; é o mais alto grau no homem e o termo da
perfeição à qual sua espécie pode chegar, e este estado é a mais alta perfeição da
faculdade imaginativa. É algo que de maneira alguma poderia existir em todos os
homens, e não é uma coisa à qual se possa chegar aperfeiçoando-se nas ciências
especulativas e pelo aprimoramento dos costumes, mesmo que fossem eles os
melhores e os mais belos, se a isso não se associa a maior perfeição possível da
faculdade da imaginação em sua formação primem. Você sabe que a perfeição
destas faculdades corporais, entre as quais está a faculdade imaginativa, depende
da melhor compleição possível do órgão que carrega tal faculdade, de sua mais bela
proporção e da maior pureza da matéria; esta é uma coisa cuja perda é
absolutamente impossível de se reparar, ou de suprir a imperfeição, por meio de
regras observadas na maneira de viver. Pois o órgão cuja compleição tem sido ruim
desde o início de sua formação, as prescrições reparadoras podem no máximo
conservá-lo num certo grau de saúde sem, no entanto, poder conduzi-lo à melhor
constituição possível; contudo, se sua enfermidade provém de sua desproporção,
posição ou substância, isto é, da matéria mesma de que foi formado, então não há
meio de remediar isso. Você sabe muito bem disso; portanto seria inútil dar longas
explicações a esse respeito.
Você conhece também as ações desta faculdade imaginativa que consiste
em guardar a lembrança das coisas sensíveis, em combiná-las e, o que é
particularmente inerente à sua natureza, em retraçar as imagens; sua atividade
maior e a mais nobre somente ocorre quando os sentidos repousam e param de
funcionar, e é então que sobrevém uma certa inspiração decorrente de sua
disposição, e que é a causa dos verdadeiros sonhos e também da profecia. Ela
difere apenas na quantidade; sua qualidade é a mesma. Você sabe o que os
doutores disseram em diferentes oportunidades: O sonho é um sexagésimo da
profecia .
Maimonides, PUF, Paris, 1964.
O livro mais completo que conhecemos sobre a mística judaica é o de
Guersbom Scholem;1 aqueles que se interessam pelas diferentes correntes da
mística na história do judaísmo, nele encontrarão uma fonte bastante fértil de
informações.
1. G. Scholem, Les Grands courants de la mystique juive, Payt, Paris, 1968 Em português, As Grades
Correntes da Mística Judaica, Editora Perspectiva. São Paulo, 1912.
Ele nos mostra o quanto a experiência mística impregnou constantemente a
história de Israel, inspirando-se de modo particular na Merkabah ou carro de
Ezequiel, desenvolvendo a tradição cabalística da Idade Média, da qual resta uma
escola em Safed, Israel, e os hassidim, que subsistem ainda em nossa época.
Tanto a cabala como o bassidismo iam por objetivo essencial a saída da
dualidade da Árvore do Conhecimento e o retomo à Arvore da Vida, isto é, àquela
Sabedoria primordial que Salomão reivindicava. Trata-se do Debekuth ou da União,
na qual mestre e discípulo, conhecimento conhecedor e conhecido não são mais que
um.
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