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Cimetière aérien, celeste poussière..."
Eu o traduzo, com toda minha alma, na imagem audi-
tiva de minha noite. É aéreo e movente, esse negro cemi-
tério. No ar negro, enchendo o inumano firmamento.
Lorsque le vent vient du ciei
J'entends le piétinement
De Ia vie et de Ia mort qui troquei leurs prisonniers
Dans les carrefours errants.fí
Que importância têm então as brisas que sopram nesse
outono prolongado. Que importância têm as mil mensagens
de uma natureza em festa, o belo exemplo dos pesados fru-
tos, das tardias flores. Para mim, esta noite é vazia e muda.
Perdi a pátria da felicidade. Sou apenas uma solidão a ser
curada.
III
insensível,háventovemqualquerOuçoohaviasobreDariaT.)damorte que
5."Cemitérioseusnisso/docéuque." errantes/"
6.permutamoindiferente,poeira..não(N.daT.)/avidaecon-
"Quandoaéreo,celesteNasenem/ünadasespezinhar(N.natureza
Não presos já/declaraçãosentimentosa
l"H O DIREITO DE SONHAK
fidenciar. A prova de tua solidão vem nessa hora em que
comungas com a paz das coisas numa noite tranqüila. Ela
está nesse instante sutil, cruel, nítido como o absurdo
uma flecha! em que a ondulação da solidão feliz e da
solidão infeliz vem se apertar a tal ponto que tu condensas
a absurdidade da dor humana numa contradição : a solidão
feliz é uma solidão infeliz. 0 coração mais tranqüilo diante
da noite mais indiferente acaba de cavar seu abismo. Por
nada, sobre nada, em meu coração apaziguado, a pequena
palavra da solidão, a palavra apenas acaba de mudar de
humor. São raras mas tão humanas! as palavras cuja
dupla sensibilidade é assim nítida, cujo "valor" é assim
frágil!
Mas quando enunciamos em sentido inverso, com o
tom da coragem, essa contradição que desencanta o ser, por
que ela assume outra vida? A solidão infeliz é uma solidão
feliz. 0 infortúnio tem um sentido, tem uma função, uma
nobreza. Logo que a mediação dispõe, ao mesmo tempo, da
idealidade e da imagem, logo que muda de registro, indo
da convicção amarga à convicção corajosa, as contradições
fornecem outras sínteses humanas.
Essa fragilidade e essa transmutação dos valores da
solidão não são a prova de que a solidão é o revelador fun-
damental do valor metafísico de toda sensibilidade humana?
Em todos os sentimentos, em todas as paixões, em todas as
vontades, somente a pequena palavra determina ondulações
sem fim. A dúvida, tão comumente estudada pelos filósofos,
permanece muito mais externa a nossa era do que a im-
pressão de solidão, de abandono, de perplexidade. Se filo-
sofar é, como acreditamos, manter-se não só em estado de
meditação permanente, mas também em estado de primeira
meditação, é preciso, em todas as circunstâncias psicoló-
gicas, reintroduzir a solidão inicial. Introduzir em todos os
nossos sentimentos a alegria ou o temor da solidão é colocar
esse sentimento na oscilação de uma ritmanálise. Pela con-
versão do desespero à coragem, por súbitas lassidões de
felicidade, nasce, no ser humano solitário, uma tonalidade
de vida que sucessivamente se acalma e se aviva, irrita ou
DIÁRIO 00 HOMEM \99
alegra. Esses ritmos, freqüentemente ocultados pela vida
social, subvertem o ser íntimo, reerguem o ser íntimo. Um
metafísico deveria desvelar aí as ressonâncias profundas,
Mas nossos conhecimento? metafísicos do ritmo são limita-
dos e superficiais. Confundimos os ritmos vivos com as on-
dulações de humor. A ritmanálise '. cuja função é a de nos
livrar das agitações contingentes, nos devolve, por isso
mesmo, às alternativas de uma vida verdadeiramente dinâ-
mica. Pela ritmanálise, graças aos ritmos profundos bem
reproduzidos, as ambivalências que a psicanálise caracteriza
como inconseqíiéncias podem ser integradas, dominadas.
Aparecem então ambivalores. isto é. valores opostos que
dinamizam nosso ser ein suas duas bordas extremas: do
lado do infortúnio e do lado das alegrias. A solidão é ne-
cessária para nos desvincular dos ritmos ocasionais. Ao nos
colocar diante de nós mesmos, a solidão nos leva a falar
conosco, a viver assim uma meditação ondulante que reper-
cute por toda parte suas próprias contradições e que pro-
cura incessantemente uma síntese dialética íntima. Quando
o filósofo está só é que melhor se contradiz.
IV
Eis então tua mensagem de vida, ó pobre e vão sonha-
dor? Teu destino de filósofo é o de encontrar tua clareza
em tuas contradições íntimas? Estas condenado a definir
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